quinta-feira, 23 de julho de 2009

O ataque à crise é um ataque racional?

O ataque à crise é um ataque racional?, será que o investimento anunciado irá resolver a crise?
Que o mundo está em crise é um facto, que Portugal enfrenta uma crise estrutural não será certamente novidade, das medidas anunciadas vai resultar uma melhoria, na minha opinião pessoal não.
Ouvimos ministros e demais políticos clamar que Portugal tem de estar na vanguarda dos transportes ferroviários para que com este simples argumento possam adjudicar obras a empreiteiros que por sua vez pagarão com um efeito “tipo penso rápido” na economia criando postos de trabalho que no pós-obra se transformam em novo desemprego. Desconheço mesmo se para além das ligações urbanas exista em Portugal tradição na utilização dos transportes ferroviários que justifique um investimento de mais 4,5 mil milhões de euros só para ligar Lisboa ao Porto (excluindo as famigeradas “derrapagens”), quando paralelamente este “des”governo se propõe construir uma nova auto-estrada, certamente concessionada, vou excluir das minhas considerações o que penso ser um desnorte total, pois por principio qualquer pais racional ou opta pela ferrovia ou pela rodovia, só realmente um pais abonado como o nosso é que se pode permitir a estes despautérios. À minha memoria vem um outro “projecto estratégico” o Euro 2004 onde investimos o dinheiro que não tínhamos para construir estádios que do lote inicial um deles esteve 5 anos nas divisões secundárias (que são conhecidíssimas pelo elevado público na assistência aos jogos) e outros tais como Coimbra, Leiria, Aveiro (este que faz inclusive casamentos para dar uso ao espaço de tão subaproveitado que está) e agora mais recentemente Boavista andam entre a segunda e a primeira divisão. Feitas as contas o pais ganhou bastante com o Euro 2004, não restam duvidas quanto a isso e julgo que os portugueses anseiam para que com o TGV se passe algo semelhante. Eu não sou, por princípio, contra o investimento na ferrovia, mas veria efectivamente com melhores olhos um investimento ao nível da ferrovia de mercadorias por exemplo, potenciando a utilização dos nossos portos e optimizando assim a nossa localização geográfica como a porta natural para a entrada na Europa, cujas únicas entidades a utilizar são aquelas ligadas a negócios paralelos (quase todos os dias lemos noticias de apreensão de droga dentro das nossa fronteiras, cujo destino último é a Europa, naturalmente). Viria certamente com melhores olhos um investimento ao nível da beneficiação das linhas que ligam o litoral ao interior, ou na substituição das infraestruturas de abastecimento de águas cujas perdas se estimam entre 6 a 10 milhões de euros anuais não seriam estes investimentos virtuosos, mas pouco mediáticos mais necessários? .
Se queremos crescer e ser competitivos, na minha opinião temos de investir nas áreas certas como na Educação, na Justiça, controle da Despesa Pública, na politica fiscal.
Como é possível que alguém queira investir num pais onde a educação é a um lástima? Onde os professores não aceitam os modelos de avaliação e os alunos em algumas escolas "passeiam-se" por lá só para ver qual a marca de telemóvel que está na moda e o toque “fashion” ou “bue da fixe” ?
Qual é a empresa que se pode dar ao luxo de ter um incobrável que demore mais de 2 anos para conseguir uma decisão judicial e quando esta ocorre a possibilidade de receber é igual a ganhar o euromilhões, ficando ainda com o ónus das despesas judiciais que ainda recentemente foram aumentadas?
Como queremos que alguém invista num pais onde a despesa pública cresce e cujos números são quase sempre ocultos através de fundações e afins, e o PIB mingua ano, após ano, após ano, será que os portugueses estão a trabalhar menos, a resposta é naturalmente Não!
Como queremos que alguém invista num pais com uma carga fiscal das mais altas da Comunidade Europeia? Quando é que houve um esforço efectivo na melhoria da organização da Justiça, Educação e Saúde?
Onde estão os investimentos (sérios) no Turismo, na Industria, no apoios ás PME's, será que existe mesmo Ministério da Economia e da Inovação?
Protege-se a banca abonando milhões, mas as PME's, que são as geradoras de emprego duradouro e na realidade são quem paga mais impostos, ficam cada vez mais excluídas dentro de “programas” que mais não são mais que balões de oxigénio.
Acredito que a solução passa por um governo com coragem para tomar medidas de médio-longo prazo porque são estas que vão trazer um futuro melhor para as gerações vindouras e não em medidas de ditas “extraordinárias” que mais não são do que colocar dinheiro em cima dos problemas sem beneficio algum para as questões estruturais do pais.


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